domingo, 24 de março de 2013

Pagina 7



Nossa viagem continuou por mais um ou dois dias não sei dizer ao certo, apesar de muito amorosos os enfermeiros falavam pouco, e a principal ordem era o descanso para que nossas energias fossem restabelecidas, eu estava cheio de questionamento, mas cansado já não era o mesmo tipo de cansaço de antes, minha angustia havia passado, minhas dores de estomago se acalmaram e eu por algum motivo me sentia melhor e principalmente protegido por aqueles seres que ali estavam sempre falando de amor de carinho e de Jesus.
Acordei já em uma cabana de palha como se fosse uma oca indígena, eu estava deitado em uma cama de palha um incensário queimava ervas medicinais que deixavam o local aquecido e com um aroma agradável tudo era muito simples, eu usava calças brancas uma camisa da mesma cor me encontrava descalço,quando os meus pés tocaram o chão uma energia revigorante subiu pelo meu corpo e uma sensação de bem estar tomou conta do meu ser me levando as lagrimas e para minha surpresa o índio que me visitara em sonho no trem do horror estava parado ao meu lado,desta vez ele já não usava penachos ou qualquer tipo de roupa indígena, estava vestido como eu, porém o mesmo sorriso majestoso e caloroso sua energia me acalmava ele sorriu e esperou que eu me acalmasse depois me ofereceu um liquido com sabor delicioso dento de uma pequena xícara de barro, nos sentamos de frente com a porta da oca de onde poderíamos ver um lindo jardim o sol brilhava como em uma linda manhã de verão eu ouvia os pássaros cantarem e quis sair a quanto eu não via a luz do sol, porém ele segurou em minha mão dizendo: calma meu irmão tudo na sua hora  e com um lindo sorriso ele pronunciou uma frase que me deixara perplexo Louvado seja nosso senhor Jesus cristo filho,meus olhos encheram-se  de lagrimas e eu reconheci aquela energia estava diante do espírito que havia me acompanhado por  toda minha vida,para sempre seja louvado meu pai Oxalá,foi minha resposta ,ele segurou minha mão e com os olhos cheios de lagrimas respondeu aqui Ortêncio eu sou Ubirajara a divindade Oxalá é muito maior que imaginamos mas explicarei a você,Os orixás são espíritos muito superior a nós que ainda precisamos aprender muito para alcançarmos sua bondade seu amor e principalmente sua sabedoria eu sou apenas um mensageiro que para falar aos da sua religião quando encarnado usava o nome divino de Oxalá,sou da 7 legião de oxalá Ortencio e falo em seu nome através de médiuns da umbanda e do candomblé, eu estava em uma confusão total em meus Pensamentos, mais uma vez descobrira que fui enganado: Fui enganado por tanto tempo, como você quer que eu confie em você?Foi o que conseguir falar. Não amigo não foi enganado apenas não tinha o conhecimento como muito dos encanados não o tem, por falta de estudo muito dos médiuns não conhecem os mistérios que cercam seu dom como vocês chamam na matéria não seria possível com energias tão grotesca como as da terra que seres de alta elevação espiritual falasse aos encarnados, porém Deus nosso pai de bondade sabe da necessidade da humanidade de ser orientada por estes espíritos imagine amigo se um dos mortais conseguiria suporta a bondade e a supremacia de um orixá por isso existe as legiões, espíritos que se propõem a trabalhar em nome primeiro de Deus depois de espíritos superiores como oxalá para sua religião, Jesus, Maria, Pedro, Judas e tantos outros que estão caminhando cada vez mais para a evolução, pois esta é constante, a esta altura já estava calmo e perguntei: Onde estou?Ele olhava para fora como se visse algo que eu não via e começou a cantar
Pedrinha miudinha de Aruanda
Tão grande lajedo
 Tão grande é de Aruanda a e...
Eu comecei a chorar não era possível eu estava em Aruanda à cidade dos orixás, ele sorriu: Sim meu amigo você esta na cidade espiritual de Aruanda cantada nos pontos de umbanda e candoblé, venerada por ser a morada dos orixás, mas sua estadia aqui apesar de longa será de trabalho muito você terá que aprender e verá que a Aruanda que se canta no mundo material é insignificante perto do que realmente ela é no mundo espiritual, pois foi construída para receber irmãos como você que na matéria trabalharam em nome não dos orixás, mas do amor e quem trabalha pelo amor é antes de qualquer coisa mensageiro de Deus...

domingo, 17 de março de 2013

Página 6



Não sei por quanto tempo fiquei naquela angústia, e, sem ter uma noção exata do tempo, imaginei que tamanha dor seria eterna. Fui levado a outro setor, e, embora minhas dores não cessassem, diminuíram ou eu me acostumei com elas. Tomamos mais um elevador, dessa vez, seres de preto me conduziram na maca e descemos por uns dez minutos. A energia era cada vez mais densa e desgastante: meu perispírito sofria com tamanha vibração negativa. Quando a porta se abriu, os homens de preto apenas empurraram minha maca para fora. Eu estava em um tipo de caverna de formato arredondado, ali, existiam equipamentos por todas as paredes e, no centro, dezenas ou uma centena de um tipo de caixão de vidro, que mais pareciam enormes tubos de ensaios. Fui colocado no interior de um deles e que estava a minha espera, a seguir, vários eletrodos foram colocados em meu corpo. Do interior desses caixões saiam algumas mangueiras que levavam líquidos de várias cores a um reservatório. Tiravam por esse método as energias dos perispíritos e que eram usadas para diversos trabalhos e para movimentar os equipamentos. Mais tarde, fiquei sabendo que tais energias também eram usadas para a produção de um tipo de vírus que facilitava o processo de obsessão e que disseminavam entre religiosos encarnados. Eu não tinha noção do que estava acontecendo, o meu raciocínio ficou confuso: eu ouvia minha família chamar por mim, os tambores do meu terreiro também ecoavam em minha mente, enquanto pessoas me acusavam. Já não sabia quem eu era e, quando quase não me restava mais esperança, um martelo quebrou meu caixão! O meu salvador era um negro alto, vestido de branco e que empunhava, além do martelo, uma arma que mais parecia uma metralhadora. O tumulto foi generalizado, outros soldados atiravam redes de prata sobre os que tentavam fugir, macas eram colocadas no chão e logo preenchidas e levadas por um buraco na parede e que dava para um pântano asqueroso. Logo a uns dez metros de distância, havia um tipo de automóvel gigante sem rodas e que flutuava. Para dentro dele eram levados tanto aqueles que iam por vontade própria quanto os que iam como prisioneiros. Uma maca também foi colocada ao lado meu caixão, dois índios e um preto velho de olhos brilhantes me sorriram, o primeiro a falar foi o amigo preto velho, que pôs sua mão sobre meu peito e disse: – Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo! Por ora amigo, acabou seu sofrimento. Com muito cuidado, enquanto cantava uma canção que me preencheu de luz, foi retirando os eletrodos. Mais um índio se aproximou e, quando todos meus eletrodos foram desligados, fui delicadamente tirado do meu caixão e, para minha surpresa, entre muitos dos encarnados que estavam ajudando no resgate, um deles eu conhecia! Ele se aproximou de mim e apenas sorriu, um sorriso com lágrimas no olhar. Foi quando o preto velho colocou a mão em seu ombro e disse: – Por ora, meu amigo, deixaremos os afagos do reencontro para mais tarde, pois o dever nos aguarda. Dois índios levantaram minha maca e o outro, armado com um arco dourado, fez a escolta até o veículo. Minha maca foi colocada ao lado dos outros espíritos, que como eu também foram socorridos, enquanto homens e mulheres de branco nos aplicavam medicamentos. Limparam meu corpo e me vestiram, também me deram um soro, até que adormeci. Uma turbulência me acordou e eu tentei levantar, mas uma das enfermeiras colocou sua mão sobre mim, impedindo-me com delicadeza, ela disse: – Acalme-se Ortêncio, só estamos passando por uma área de turbulência. – Quem é você? perguntei-lhe. – Meu nome é Elisabete, pertenço à terceira legião de Omolú. – Onde estamos? – Estamos em um eletro bus, em uma zona muito densa, quase no centro da terra. – Para onde estamos indo? – Para casa meu amigo, para casa. – Então, verei minha família, que bom! Como eles estão? – Você já está entre família, meu irmão, pois os filhos de Deus são todos de uma grande família universal. – Você entendeu o que eu quis dizer. Oh mania de gente morta: falar tudo entre mensagens! Ela sorriu: – Sim Ortêncio, entendi sua colocação. Porém, não é a hora de te dar notícias da sua família carnal. – Mas, eu acabei de ver um dos meus... – Ortêncio, tenha calma. Tudo ao seu tempo. De qualquer modo, você não acabou de vê-lo, pois já faz duas semanas que estamos viajando e você estava dormindo...

segunda-feira, 11 de março de 2013

Página 5


Fomos levados a um prédio que ficava no centro da cidade. Logo na entrada, fiquei surpreso ao ver figuras que eu achava impossível que pudessem existir: homens com cabeças de cobras, segurando lanças, faziam a segurança do local e eles não se moveram, nem expressaram nenhuma reação ao passarmos pela porta. Entramos, então, em um saguão muito grande, onde balcões de triagem se espalhavam por todo o espaço que, como toda a cidade, era escuro. O que mais me incomodava era o cheiro de enxofre. Filas se formavam por todo o imenso salão, onde espíritos de todas as formas reclamavam, agonizavam, brigavam, enquanto muitos como nós, ainda acorrentados, apenas choravam em silêncio. Eu me perguntava como, mesmo depois da morte, poderia existir um lugar como aquele, que mais parecia uma repartição pública do mundo, ou seja, daqueles que estavam vivos na carne. Fomos levados à fila de um balcão e mais uma vez o pânico se instalou em meu espírito. Essa não seria a primeira ou a última vez que isso acontecia, mas dessa vez havia algo diferente: o medo se misturava com uma ansiedade que eu não estava acostumado a sentir, sobretudo desde que cheguei ao plano dos mortos. É que de algum modo, por algum motivo, eu sabia que ali seria decidido meu destino e que eu poderia talvez passar o resto da eternidade aprisionado com aqueles seres do mau. E assim seria, se eu não me mantivesse centrado e focado em alimentar bons pensamentos. Ouvi uma voz em minha mente: ”Não, ore! Pois agora, é ora de vigiar!” Assim que encostei no balcão, um criatura de olhos cinzas e cabelos longos me sorriu, eu não ousei olhar para ela, mesmo estando de cabeça baixa, percebi que ela estava semi nua, sua pele era branca, usava uma capa preta. Então, olhei para uma placa no balcão que dizia “Falsos profetas”. Ela gargalhou e disse: – Está se sentindo injustiçado, Ortêncio Manoel? Não respondi. Ela me examinou por alguns minutos e mais uma vez de forma sarcástica falou: – Velho feiticeiro, não tente nos enganar aqui. Sua aura transmite tudo o que pensa seu idiota! Vemos através de você, agora. Já não tem a carne para esconder o que realmente é. Eu me senti envergonhado e preocupado, pois, e agora? O que eu faria? Eles sabiam o que eu era? Mais uma vez ela riu: –Está Lúcido. Os pensamentos estão fluindo com naturalidade. Diga-me velho, quem está te protegendo ou te monitorando? – Não sei do que você está falando. Fui abandonado por todos e acabei aqui, no inferno. Ela me estudava e parecia tentar desvendar meus segredos, lendo minha mente. –  Se você prefere assim, velho feiticeiro... Leve-o para o setor da verdade, ele será muito útil nos implantes e na organização magnética. Já que não perdeu os sentidos até agora, vamos fazê-lo perdê-los. Antes, levem-no para a implantação do chip de segurança. Meus carrascos me desacorrentaram, seguraram em meus braços e me conduziram por um corredor, logo chegamos a um tipo de elevador, onde tive a sensação de que estávamos descendo, não posso dizer ao certo se realmente era isso que acontecia, um mal estar começava a tomar conta de mim. Tudo girava e minha cabeça, conforme o elevador se movimentava, doía. Quando a máquina parou, a essa altura eu era praticamente carregado: pareceu-me que havíamos chegado a um centro cirúrgico, pois passamos por macas em que espíritos deitados tomavam uma espécie de soro e homens de avental verde aplicavam-lhes algo que eu deduzi serem remédios. Fui também colocado em uma maca, minha roupa foi rasgada com uma tesoura eu comecei a sentir muito frio. Usando algo que parecia uma pistola, injetaram em minha nuca uma espécie de microchip. Nesse momento, a minha coluna queimou e meus nervos se enrijeceram, eu não conseguia pensar, muito pior era me movimentar e ainda nem ouvia o que eles falavam. Fui perdendo os sentidos e, por não sei quanto tempo, a dor e a agonia foram minhas únicas companheiras. Não desmaiei, por mais que quisesse isso mesmo, achando que a dor seria menor se eu dormisse. Tive muita sede e fiz minhas necessidades ali mesmo. Por várias vezes me contorci, até que tudo a minha volta parou e eu, sem saber ao certo o que acontecia, tentava permanecer lúcido, mas isso não era mais possível...

domingo, 3 de março de 2013

Página 4


O trem se movimentava em alta velocidade, a ponto de nos dar vertigens. De tempos em tempos, alguém nos trazia o alimento. Eu não tinha noção de tempo ou espaço e por várias vezes dormi e acordei, perdi a noção de há quanto tempo estava viajando e tampouco sabia para onde estava indo. À medida que o tempo passava, sentia o corpo mais pesado, assim como as dores aumentavam. Alguns dos companheiros de viagem começaram a ter alucinações, enquanto falavam sobre sua vida na terra, pediam perdão, gritavam, eu próprio também comecei a tê-las. Comecei a rever quando cobrava pelo dom a mim oferecido, enquanto homens e mulheres me acusavam e me chamavam de feiticeiro maldito, o medo era meu único companheiro e mais uma vez tive um sonho ou uma alucinação, não sei bem como chamar. Foi quando um índio, de penacho branco e calças também da mesma cor, apareceu de pé em minha frente e disse-me: Olá Ortêncio como está sendo sua viagem? – Não muito boa, como você pode ver. Por que Maria mentiu para mim? Ela me disse que, quando eu chamasse, o socorro viria e cadê o socorro? Ele sorriu da minha prepotência e respondeu: – O que você acha que sou, meu amigo. Talvez o socorro esteja aonde você menos espera, Ortêncio. Como você acha que permaneceu lúcido até agora. Por que você não enlouqueceu como a maioria? Estamos seguindo este grupo de infelizes, devido a sua ligação conosco, ou você achou que estava sendo castigado? Não, meu amigo, aproveite o seu desespero, para também dar início a uma missão importante. Iremos te resgatar no momento certo, mantenha o pensamento firme e esteja em prece, pois você está a trabalho, desde quando foi retirado do túmulo por seus algozes. – Quer dizer que sou só um bode expiatório, vocês são loucos? Cadê a justiça divina, o julgamento honesto de Deus? – Meu amigo, Deus não julga a ninguém, e cada um colhe conforme plantou. Aproveite a viagem de forma mais produtiva, busque em sua consciência o porquê de logo você estar aqui. Não temos tempo a perder com suas lamentações ou questionamentos, feitos com base no orgulho e nada mais. Recomendo que se mantenha em prece, busque no seu íntimo os ensinamentos dos Orixás e dos espíritos do bem que te acompanharam por anos, senhor líder de terreiro. Aqui como lá na vida terrestre, o trabalho é árduo e nós temos muito que fazer. As palavras do índio foram como uma mão a tirar o véu da ignorância de mim, embora eu não me livrasse de todos os questionamentos e ainda sentisse raiva e dor, começava, no entanto, a pensar melhor. Ele, como se adivinhasse, sorriu e colocou sua mão sobre minha cabeça e fez uma prece na qual pedia a Deus proteção, das suas mãos raios brancos jorravam e me banhavam com amor. Ele foi ficando iluminado, até que sumiu e eu novamente tomei consciência de onde estava. A velocidade do trem diminuiu e, agora, era possível começar a ver a paisagem pela janela. Estávamos chegando a uma cidade muito escura, na qual uma fumaça predominava no ar e as ruas eram estreitas como becos. Insetos de todos os tipos passavam entre os que andavam naqueles becos, havia, aliás, um grande fluxo de pessoas ali e que pareciam trabalhar, algumas delas estavam acorrentadas umas nas outras, sendo chicoteadas, outras puxavam carroças com equipamentos, enquanto outras vagavam como loucos ou zumbis. O cenário era deplorável, com prédios em ruínas e sempre com aquela lama negra escorrendo das paredes. A cidade mais parecia um grande pântano. Chegamos a um tipo de plataforma e mais uma vez nosso capitão do mato veio nos falar: – Chegamos senhores, vocês serão conduzidos ao seu novo lar. Nossa organização anseia por novos integrantes, principalmente religiosos como vocês, que estão aqui por acharem que suas religiões os salvariam. Aqui seus títulos religiosos nada valem: pastores, padres, umbandistas, rabinos , ou seja lá o quê, vocês, aqui, só são mais uma corja de covardes mentirosos, que pagaram muito caro por seus erros, sintam-se à vontade. Levem-nos para a triagem, pois a festa vai começar...