segunda-feira, 16 de março de 2015

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Assim que entramos no grande castelo daquela colônia, não sentimos mais frio e a energia mudou completamente. Ali, o sentimento de acolhimento era tão grande que chegava a nos emocionar. Caminhamos por um enorme corredor e eu me perguntava aonde ele nos levaria, enquanto escadas e portas eram vistos a cada dez passos nossos. Tudo era muito rústico, porém também aqui mais uma vez a tecnologia concomitante me assombrava. Havia pessoas de branco e usando faixas de cores diversas e que caminhavam de um lado para o outro. Apesar dos sorrisos no olhar - pois aqueles seres traziam a alegria na alma e não no rosto - foi seu silêncio que mais me chamou a atenção. Chegamos em frente a uma porta que, ao se abrir, nos apresentaria uma ala para visitantes com quartos individuais já preparados para o nosso descanso. Foi Augusto quem nos falou: - Amigos, logo após o vosso descanso, voltarei aqui para melhor mostrar a vocês nosso trabalho e discutirmos como faremos parte do trabalho de vocês. Até mais! - Por que precisamos descansar já que não temos corpo físico? Será que ele não percebeu que somos espíritos desencarnados? - perguntei em tom irônico. Foi João Guiné quem me respondeu: - Fio, quem lhe disse que espírito desencarnado não precisa refazer as energias? Estamos há dias viajando, em uma zona de baixa vibração, logo, é importante para o corpo perispiritual  se refazer, já que aqui é mais difícil encontrar fontes de energia que façam isso por si sós. - E de que tipo de fonte o irmão esta falando? - perguntou Humberto. - Da luz solar, das energias da natureza, a água, o ar puro, as plantas: essas fontes com suas respectivas energias e que nos alimentam sem que percebamos. - Mas, esse refazimento energético não pode ser feito com o que acumulamos de boas energias, de bons atos e pensamentos, irmão? - Sim, fio Humberto, mas em um local como este, de onde tiraríamos tais energias? Acabaríamos, sem descanso, sobrecarregando essa nossa fonte que precisa ser carregada, pois o espírito precisa alimentar a sua roupagem fluídica. Apesar de ela própria ser fonte de luz inesgotável,nós, porém, ainda não sabemos utilizá-la como realmente deveríamos, por isso é que há necessidade desse descanso. Dito isso, cada um de nós entrou em seu quarto. Eu ainda me perguntava a respeito de como saberíamos quando chegasse o horário em que novamente nos encontraríamos. Ao abrir a porta do meu aposento, tive um imenso susto: o local era banhado por uma luz natural que eu não saberia dizer de onde vinha. Encontrei numa mesa simples um caldo à minha espera. Já a cama parecia uma cápsula espacial que se fechou assim que me deitei, enquanto luzes solares banhavam meu corpo fluídico e o alimentavam de energias benéficas. Não tenho certeza de quanto tempo fiquei ali sendo energizado, mas ao acordar recordei-me de ter sonhado com a minha Aruanda: suas ruas, os prédios, as casas e o campo de esclarecimento, o que me encheu de alegria. Ao me levantar, mais uma vez o alimento me esperava na pequena mesa. Logo acima da cápsula ou cama uma tela se iluminou, revelando a imagem de Frederico, Catarina e Francisca que se encontravam juntos em uma sala. - Fico alegre, meus amigos de Aruanda, por estarem refeitos de sua viagem. Augusto os aguarda para assim começarmos nosso trabalho. - disse um deles. Então, a tela se apagou e saímos de nossos quartos. O sorriso de Humberto me surpreendeu, mas logo nosso amigo protestante disse-nos: - Glória a Deus! João Guiné e povo de Aruanda, agradeço por vocês, aqueles que antes, quando estive na carne, eu achava que eram uns ignorantes, agradeço por me proporcionarem experiências tão enriquecedoras, a mim que, hoje sei, sou ainda um ser tão ignorante. - Ir a sua cidade espiritual fez bem a você, fio. - respondeu João Guiné. E, então, caiu minha ficha. Eu não havia sonhado com Aruanda. Eu estivera lá! Imediatamente, lágrimas molharam meu rosto. - Por que choras, Ortêncio? Por não ter percebido o que ocorrera comigo, Felipe, e, portanto, ter perdido a oportunidade... - Quem disse, Mensageiro, que você perdeu a oportunidade? O que acontece quando o corpo físico dorme, Ortêncio? - perguntou o guardião. Se, então, o Espírito se liberta e busca usufruir dessa liberdade mesmo que temporária, e isso, ainda que a maioria dos desencarnados nem se deem conta disso, o mesmo não seria diferente com o corpo fluídico. Esse, quando em repouso, deixa o Espírito livre para ir buscar energia aonde, como no caso, você pudesse se sentir mais seguro. Estar ou não consciente nesse momento dependerá de vários fatores e, principalmente, no caso de vocês que viajam em zonas escuras pela primeira vez. Acalme-se que logo teremos outras oportunidades para treinarmos sua consciência em tais circunstâncias. Após a fala do guardião, seguimos Augusto para a nossa reunião com o comando daquela colônia... 

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